um sonho orgíaco dancei com versos embebidos em mel e sal
palavras ousadas deslizavam em alternância
diante dos meus olhos inquietos de rebuscas antigais
outras tocavam-se
e arrepios líricos enchiam lágrimas em olhos sedentos
cada palavra, áspera, vã ou pessegal beijava meus lábios
que se queriam cerrados/calados
ou ofertando risos cálidos e claros
invadi-me nuvem aspiral
danças esquizofrênicas
lambendo violinos de rasgantes doçuras
meu corpo desviou-se em orgasmos líricos
desdobrando-me prazer letrais
e as palavras que eu desejei em suspiros gráficos?
ocultavam-se em risos brincantes
provocavam meus anseios de liras ancestrais,
estipulavam desafios, assoprando que gritasse
num murmúrio agônico minha ânsia tátil
ah! e o poemas diziam-me de faces coradas...
escorriam versos em minha epiderme
ah, tocar as palavras
sentir suas pétalas agudas entranhando se em mim
eu as vi!
vi suas constâncias artes
estas palavras que não me deixam
tautologias percorrentes
e num poetar ainda que disfarçadas
insurgindo-se pois têm vidas estas palavras
e gritei re-afirmando que se ocultem
ora, que voltassem para os recônditos dos dizeres da infância
ou aos beijos molhados da adolescência.
não viram que estou por outros caminhos?
gargalharam de minhas tolas meiguices
e tive desejos de agarrar e descobrir suas entranhas,
mas ressurgiram e insurgem-se semprequando as vejo ali estão cravadas e flutuantes
e mostraram-me seus dentes coloridos a rir-se
ah, minhas ingênuas desditas...
alternâncias sem pudores entres luz e sombra
e deixei por fim que chegassem a mim.
sussurrantes e irônicas..
ser! afoita transformação sem desdizer-me.
gemidos gentis volutando renasceres...
toquei a verde face de tuas palavras em rimas cúbicas
deliciei-me com nossos murmúrios ébrios
e descaradamente o poema segredante
timpanou meus sentidos em ácidos delírios
despertar-me em ânsias por chãos de papiro
e orvalhar meus dedos líricos
e num suspiro de verborragias oníricas
adormecer em meus descaminhos
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