de sereias e sonhos
Tânia Souza
a sereia de pedra rubra tem insônia
- o que é inusitado
passa os dias olhos acordados aclarados
e quando é noite os cílios úmidos de mar querem
se fechar
quer dormir não deve
são as ondas ondas o n d a s o n d a s
o n d e
a n d a m
batem areia, batem pedra, sonham bateia de
espuma e sol
águas verdes ensolaradas caem nos seus olhos
cálidos
e na beirinha da montanha
textura de horizonte aquarelando onirismos
outros
e tem:
passarinho que espia
pássaro de mar que sabe mais mais
- ainda bem que contar não pode -
caranguejos
abusados que andam pelas pedras musgo água onda mar
e
até poeta inventando cousas de areia e além
acontece que ofício de sereia tem encantos de
estrelas
explico: noite e sereia andam juntas
- é de
precisão
tal qual mar pescador pescando estrela do céu
e
de sereia que dorme, não sei não
suas
escamas lantejoulas cegantes
que
sem luar não são neon nem
são
apenas penas
e
nada de mar para sereia de sol insone
sonha
a sereia semente de voos e porosidades de nuvens
e
que pedra rubra rude não é só pedra solidão
[
decerto alguma ancestralidade lhe suspira promessas nos ossos leves]
logo, há
de voar
Nenhum comentário:
Postar um comentário