há
alguns dias, li em algum lugar que o inverno chegou
pero, espiei a tarde e
havia sol e suor pingando atrás da máscara da moça que chegou correndo entregar o caderno de atividades do menino: quando volta as aulas? ela pergunta. as aulas estão online, moça, mas ela não entende, ela mulher cansada de todo dia e epidemia e nada de vacina, atrasada e o chefe reclamando de dispensar um pouco mais de tempo à funcionaria que,
que despautério!
era mãe.
pero, era inverno só um nome
depois,
veio inverno mesmo, amor.
para
mim foi ah que frio, que água gelada não queria lavar louça
mas
preciso
e
nariz vermelho um monte de casaco
e
trabalhar e ver a rua o frio o vento a volta o frio o vento a porta a casa
e
dedinho congelado procurando calor no quente dentro da roupa
e
saber que quando a gente se cobre até parece que felicidade existe
pois
cobertor acolhe
-
senão não
mas
lá fora inverno é faca açoite
seja
dia, seja noite, dói
frio
é dor no osso mais que fome
que
nos viadutos ruas e abandonos
grito
que até timpanaria o mundo
mas
voz não vem
no
frio que queima e queima
até
mesmo verbo treme e cala até cindir os sonhos
os
abandonos hão de trincar os ossos do mundo
sim
e
que seja logo
Tânia Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário