e nas farpas do neon estilhaçado das esquinas
dissolveu-se enfim em gotas de um vinho azul
derramou-se tinta rubra nas calçadas
nos passos dilacerados das vielas
sangrou e riu das veias nuas
soergueu-se quimera
anjo turvo e bêbedo
era o vírus
e a febre
a lascívia
o açoite
farpas de uma eterna noite
a solidão do amanhecer que não viria
era o som de um blues faminto e triste
interrompendo taças e gargantas embargadas
trincando e entrelaçando vidas e suspiros
ela que sonhava no trigésimo andar
fez do seu último voo tatuagem rubra
na calçada de uma noite em febre
arte andrógina rabiscada em sangue e giz
sob saltos e sonhos de uma urbe insana
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